Adeus ao Chromecast: Google acaba com produto que era acessível e ajudou a aproveitar TVs mais do que nunca

O dongle HDMI tem sido o companheiro perfeito há uma década

Infelizmente é comum vermos bons produtos e serviços morrendo. A própria Google possui um "cemitério" de respeito e populoso. Já estávamos até ficando acostumados com o sumiço principalmente de bons serviços, como o Google Reader, por exemplo. Mas o último movimento também parece que vai deixar saudades.

Basicamente, a Google irá eliminar o Chromecast. O lançamento do novo Google TV Streamer (4K) marca um antes e um depois na estratégia de hardware da empresa, que substitui completamente a família Chromecast por este aparelho que é bem mais caro, mas que a priori não parece muito melhor.

Em julho de 2013, a Google lançou no mercado seu Chromecast de primeira geração, um dongle HDMI que nos permitia assistir na TV o conteúdo que lançamos de nosso smartphone. Aqui no Brasil, o dispositivo chegou praticamente um ano depois: em junho de 2014.

Foi o início de uma fantástica família de dispositivos que tornou a experiência televisiva ainda melhor. Essas soluções evoluíram, embora nos primeiros anos o tenham feito timidamente com o Chromecast de segunda geração (2015) e o Chromecast de terceira geração (2018).

Porém, as coisas mudaram radicalmente em 2020 quando chegou um produto incrível: o Chromecast com Google TV (4K). Adicionar um controle remoto e tornar o aparelho independente do celular foi um sucesso absoluto, e esta solução logo se tornou um dos acessórios perfeitos para desfrutar mais de todos os tipos de conteúdo em nossas TVs.

É verdade que o Chromecast com Google TV (4K) não era lá muito barato. O seu preço de lançamento na Europa foi de 69,99 euros, mas com o tempo foi possível encontrá-lo com bastante desconto em momentos específicos. Apesar de tudo, a partir daquele momento a Google pareceu decidir que isso não era mais suficiente.

É bom citar que nunca houve um verdadeiro sucessor desse produto e, em vez disso, vimos uma variante menos potente: o Chromecast com Google TV (HD) que simplesmente removeu o suporte 4K, permitindo uma opção mais acessível que foi lançada ao preço de 39,99 euros no mercado europeu.

Mesmo assim, o Chromecast com Google TV em qualquer uma das suas variantes continuava a ser uma opção perfeita para desfrutar de uma fantástica experiência televisiva. A versão do Google TV disponível nestes aparelhos foi e é uma das melhores interfaces de usuário para este tipo de produto, e a simplicidade e funcionalidades do aparelho e seu controle foram exemplares.

O lançamento do novo Google TV Streamer poderia ter sido simplesmente mais um elemento ambicioso dessa proposta, mas não. A Google decidiu que era hora de matar o Chromecast e, embora mantenha o suporte para os dispositivos atuais, não produzirá mais e só continuará vendendo-os até que os estoques acabem.

Google TV Streamer substituirá o Chromecast (Imagem 9to5Google)

Um produto "discutível"?

O novo Google TV Streamer (4K) chega em formato set-top-box. Deixa de ser um produto escondido atrás da televisão para querer ficar bem visível, ao estilo de outros produtos desta versão como o Apple TV 4K ou o Amazon Fire TV Cube, que são propostas mais ambiciosas, mais poderosas e mais caras do que o que encontramos em dongles HDMI como o Chromecast ou o Fire TV Stick.

O novo aparelho da Google também é um pouco mais potente do que o Chromecast: inclui o dobro de RAM (4 GB) e quatro vezes mais armazenamento (32 GB), uma boa notícia por poder instalar mais aplicativos. Também possui um processador que segundo a Google é 22% mais rápido que o anterior, um número nada notável considerando que já se passaram quatro anos desde o lançamento do Chromecast original com Google TV (4K).

Portanto, não parece que possamos utilizá-lo como um console de videogame ocasional, algo que, por exemplo, faria sentido e teria impulsionado aquela outra plataforma que a Google matou, o Stadia. O processador, conforme indicado exclusivamente pelo site Android Authority, é um Mediatek MT8696, o mesmo usado no Amazon Fire TV Stick 4K Max.

A conectividade com fio tem porta HDMI 2.1 e uma porta Ethernet interessante, mas não há cabo HDMI incluído na caixa. O novo aparelho oferece suporte a 4K HDR com Dolby Vision e Dolby Atmos. A conectividade sem fio não faz tanta coisa: estamos em 2024 e este produto só tem suporte para Wi-Fi 5 (provavelmente para cortar custos). O Fire TV Stick 4K Max da Amazon, vendido por quase metade do preço do TV Streamer, possui Wi-Fi 6.

O Google TV Streamer (4K) oferece opções de inteligência artificial graças à inclusão de alguns recursos do Gemini. Isto permite, por exemplo, obter resumos de episódios de séries ou mesmo temporadas completas, ou também ter recomendações personalizadas que teoricamente serão melhores do que as já oferecidas de série no sistema operativo Google TV/Android TV. Poder utilizá-lo também como centro de controle de automação residencial (suporta os protocolos Thread e Matter) é outra de suas vantagens teóricas.

Várias questões surgem aqui. A primeira é se esses recursos serão suficientes para o preço do aparelho. A diferença é notável face ao seu antecessor 4K (119 euros versus 69,99), e embora as funcionalidades melhorem, nessa faixa de preços existem produtos muito competitivos como o já referido Apple TV 4K (mais caro, sim, mas com um A15 muito potente Bionic) ou o Fire TV Cube.

O Apple TV 4K pode ser caro, mas tem um chip muito mais potente e mais capacidade de armazenamento, algo que parece uma boa ideia para um dispositivo que você terá em casa por muitos anos. O Google TV Streamer é bem mais modesto em seu chip e até em sua memória, principalmente se quiserem potencializar o uso das funções de IA. Como investimento de longo prazo, o produto do Google pode não ser tão atraente.

A Google já disse ao IGN que ainda não tem novidades sobre o Google TV Streamer no Brasil. Portanto ainda teremos que aguardar por enquanto - como dissemos, o primeiro Chromecast chegou ao nosso país somente 11 meses após o lançamento.


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