Artigo publicado no Diário dos Açores a 10/03/24
À Psicologia, enquanto ciência do comportamento, compete olhar todas as questões relacionadas com o comportamento humano, assim como detetar necessidades de inovação e mudança social. Assim, a ciência psicológica, reconhecendo o impacto da linguagem nos comportamentos e na promoção da equidade, valoriza a promoção de linguagem inclusiva. Além de um direito, esta assume-se como fulcral na revolução de atitudes e comportamentos, necessários à construção de uma sociedade onde todas as pessoas se sintam representadas e acolhidas.
Concordando com a importância do uso de linguagem inclusiva, vários grupos e organizações têm reunido esforços para emitir guias e orientações neste sentido, como o Parlamento Europeu, a Administração Pública Portuguesa, a Ordem dos Psicólogos Portugueses e muitos outros.
A linguagem inclusiva usa do potencial transformador da língua para, progressivamente, detetar expressões que possam ser consideradas discriminatórias e estigmatizantes para com pessoas ou grupos socialmente sub-representados e mais vulneráveis, como por exemplo as mulheres, pessoas que se identificam como LGBTQIA+ ou pessoas diagnosticadas com doença física e/ou psicológica.
Porém toda a mudança implica resistência e requer tempo, não podendo ser rígida nem absoluta em todos os contextos. Neste sentido, já foi apontada a necessidade da implementação de um órgão informado e especializado nas questões da linguagem e igualdade de género para garantir que a mudança surja como política integrada e não como ação esporádica, ao sabor da vontade individual e sem continuidade.
É importante que estejamos conscientes dos obstáculos que frequentemente vêm da sensação de segurança que os hábitos antigos, ainda que discriminatórios, têm. Considerar este assunto de pouca importância, acreditar e partilhar a ideia de que a igualdade de género já existe, associar as mudanças necessárias na linguagem a limitações da liberdade de expressão, repúdio aos neologismos, mesmo quando se afirmam como formas de ativismo, e difundir a ideia de que o masculino por defeito é um tipo de linguagem neutra, são comportamentos de resistência a uma mudança necessária.
Sabia que depois de ler um texto com uma redação inclusiva, quem lê tende a utilizar também formas mais inclusivas de comunicação?
A OPP afirma-se como parceiro ativo na promoção da literacia nesta área, de modo a sensibilizar para a utilização de um discurso livre de estereótipos e discriminações em todos os contextos, e, desta forma, valorizar a diversidade e promover a #igualdade e a #equidade.
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