Compliance como agente de transformação para a diversidade

Trabalhar com compliance tem se mostrado um grande exercício de resiliência e automotivação constantes, porque a atuação está diretamente ligada com mudança de cultura e esse é o maior desafio da profissão. Mudar cultura, alterar padrões comportamentais, provocar reflexão, não é tarefa simples, certamente já avançamos muito, mas ainda há muito para ser feito, muito mesmo.

Para alguns, infelizmente, o profissional de compliance ainda é visto como o chato que está sempre criticando para ver se está tudo certo. Na verdade somos grandes parceiros do negócio, sempre dispostos a contribuir com o processo de avaliação de riscos, provocando reflexões para melhoria dos processos e desenvolvimento contínuo. Conquistar esse lugar não é simples, mas, quando conseguimos, é muito gratificante.

Quando vistos como parceiros, naturalmente, passamos a ser consultados com frequência o que requer flexibilidade e muita disponibilidade, sem contar a variedade de temas que nos envolvemos, por isso se fala tanto em carreira multidisciplinar.

Entre os temas sensíveis que precisam do olhar deste profissional está a necessidade de inclusão, da criação de um ambiente corporativo diverso, e para isso a principal parceria a ser firmada é com a área de Recursos Humanos.

No começo do ano, pesquisando sobre como o tema diversidade nas empresas tem sido tratado, me surpreendi com a quantidade de pesquisas que buscam convencer o empresariado sobre o impacto positivo nos lucros quando o corpo de colaboradores é inclusivo, enriquecido pela diversidade de características que formam a humanidade. O que deveria ser resultado natural de processos de escolha embasado em princípios e valores, ainda precisa de um empurrãozinho da matemática.

Infelizmente, ainda precisamos conquistar os empresários pelo bolso. Mas se para conquistar essa mudança necessária e urgente seja esse um dos caminhos a ser percorrido, que seja! E que bom que não faltam números para demonstrar os benefícios de um ambiente diverso para ser utilizado nesse processo.

A verdade é que precisamos avançar nesta mudança e para isso precisamos que os profissionais de RH lancem mão das ferramentas de convencimento que possuem, provocando a revisão de valores institucionais, treinamentos constantes e demonstrando o material de pesquisa que empresas pelo mundo inteiro tem desenvolvido confirmando a riqueza que um ambiente diverso é capaz de produzir.

Para contribuir nesse processo de eliminação de preconceitos e vieses inconscientes é fundamental a atuação em parceria das áreas de compliance e gestão de pessoas elaborando políticas de inclusão e desenvolvimento capazes de propiciar um ambiente mais diverso.

O que tem se visto ainda é muito vago, poucas linhas nos Códigos de Ética, fazem parte de um discurso inconsistente que não permite acompanhar as melhorias, mas a partir do momento que criamos regras claras, estabelecendo sanções em caso de descumprimento, números que possam ser acompanhados, estaremos mais próximos de alcançar um resultado mais efetivo.