Rumo á Economia de Impacto

Os desafios que precisamos enfrentar para migrar para uma Economia de Impacto, na qual o lucro não é o único definidor de sucesso, são enormes.

 Esta reflexão, tenho feito a partir de leituras e trocas em fóruns e eventos como o da Latimpacto no Rio e da comemoração de 10 anos da Aliança pelo Impacto. A Aliança Pelo Impacto, dez anos liderada pelo ICE, concluiu este ciclo com o lançamento de uma publicação: 10 anos de construção coletiva – Relatório de 10 anos da Aliança Pelo Impacto. Agora sob gestão da Din4mo Lab, planeja trabalhar para expandir ainda mais o impacto positivo no Brasil. Como conselheira desta nova fase da organização, fui convidada para compor um painel sobre como mobilizar e atrair mais capital para Impacto e destacar o papel das famílias empresárias e Institutos familiares no desenvolvimento do Ecossistema de Impacto.

Costumo pontuar que famílias empresárias têm diversos caminhos para impactar. O potencial de gerar impacto (positivo ou negativo) das famílias empresárias é gigantesco. Este pode ser através da migração de investimentos tradicionais para investimentos de impacto, ações filantrópicas ou práticas sustentáveis nas empresas.

Investidores, principalmente os detentores de grandes volumes de ativos financeiros, têm sido os grandes impulsionadores das temáticas de impactos socioambientais positivos e práticas ESG. Avançar para uma Economia de Impacto pressupõe mobilizar ativos financeiros para Investimentos Responsáveis, Sustentáveis e de Impacto.

Investimentos de Impacto buscam resolver desafios sociais e ambientais com retorno financeiro. Ao escolhermos onde investir nossos ativos financeiros, é extremamente relevante que o destino destes recursos seja levado em consideração, ou seja, temos que ficar atentos ao que eles estão financiando e que tipo de impacto estão gerando.

Enxergo este momento como uma grande oportunidade para acelerar nossa migração para portfolios mais sustentáveis e de Impacto.

 Podemos atrair mais capital para impacto socioambiental também através de recursos filantrópicos. Impulsionar o empreendedorismo social com capital catalítico de fundos de Blended Finance ou via Venture Philantrophy tem sido um novo caminho. Recursos filantrópicos potencializam e atraem capital comercial para Impacto.

Existem diversos novos mecanismos financeiros que podem atrair capital para fomentar uma economia de Impacto. O Blended Finance, por exemplo, tem um papel estratégico de, através de capital catalítico mobilizar capital comercial para desenvolver soluções e negócios de impacto positivo e avançar na agenda dos ODSs. Outros mecanismos como, crowdequity e debêntures de impacto também tem atraído capital para o empreendedorismo social. Estes recursos funcionam como uma alavanca capaz de mover o mundo para Impacto.

 Conforme mencionei, o potencial das famílias empresárias de gerar impacto é relevante. Abordamos aqui formas de gerar impactos socioambientais por meio de capital filantrópico e de investimentos com intencionalidade. Vale ressaltar que na trilha dos negócios, empresas familiares podem impactar com praticas ESG assim como engajar toda sua cadeia de valor para se comprometer com atitudes responsáveis e compromissos progressivos.

 A pressão do mercado é o que está nos conduzindo para uma economia de Impacto, ou seja, para um novo modelo de negócios no qual retornos financeiros, riscos e impactos precisam ser contemplados conjuntamente. Somos todos parte importante de uma engrenagem que precisa inovar e se reinventar rumo á essa Nova Economia.

Bea Johannpeter é consultora associada da Cambridge Family Enterprise Group e membro da 5ª Geração da Família Gerdau Johannpeter. Possui ampla experiência atuando como mentora de famílias empresárias, com aconselhamento nas áreas de Investimento Social e de Impacto, desenvolvimento de estruturas que impulsionam o aprimoramento de sistemas de governanças, para perpetuidade e construção de legado. Vivenciou a pioneira estruturação da Governança na Família Gerdau Johannpeter onde atuou como líder do Conselho Familiar e como vice- presidente do conselho do Instituto Gerdau. É Diretora do Instituto Helda Gerdau, Membro do Comitê de Empresas de Controle Familiar do IBGC, integra os conselhos do ICE, Aliança pelo Impacto e da Fundação Iberê Camargo. É formada em arquitetura e urbanismo e possui educação executiva em Corporate Social Responsability na Harvard Business School.