Sentiu o Clima?
O Resumo da Semana, agora Tá no Clima, inaugura hoje uma breve coluna dedicada às mudanças climáticas e os preparativos para a Conferência do Clima de 2025, prevista para acontecer em novembro em Belém, no Pará.
Para resumir o que já temos definido para o evento: um mascote e um presidente da Conferência, nessa ordem mesmo. O embaixador André Corrêa do Lago só foi anunciado como presidente nesta segunda-feira, 21, após uma reunião do palácio do planalto, e uma semana depois de o Curupira ter sido anunciado o mascote oficial.
André Lago foi um nome bem recebido, conhecido pelo seu papel de mediação, ele será responsável por conduzir os debates e garantir que ao final tenhamos um consenso. Depois de 30 anos de discussão climáticas nas conferências do clima, os países chegaram a um acordo com metas para reduzir suas emissões com o objetivo de impedir um aquecimento acima dos 3ºC dos níveis pré-industriais e metas de financiamento para a transição verde e mitigação. Mas nem uma e nem outra são suficientes. Com as mudanças climáticas batendo a porta, a expectativa é que em Belém, os países revisem a meta e tracem um plano para tirá-las do papel.
Já sobre o Curupira, não é comum que as conferências que reúnem as maiores lideranças do mundo para discutir temas ambientais tenham um mascote. Mas sabendo que esse ser folclórico não costuma ser gentil com desmatadores e poluidores, vamos acompanhar como ele "receberá" os visitantes.
Aldrey Riechel
Giro pelas notícias ambientais
Saída do EUA do Acordo de Paris
Horas após reassumir a Presidência dos EUA, Donald Trump assinou a retirada do país do Acordo de Paris, pacto internacional de 2015 para a redução das emissões de gases-estufa. Essa decisão, prometida durante sua campanha, ocorre após a ONU confirmar que 2024 foi o ano mais quente já registrado.
A China expressou preocupação com essa nova retirada dos EUA do Acordo de Paris. O porta-voz Guo Jiakun destacou que a mudança climática é um desafio global que exige esforços coletivos. Wopke Hoekstra, chefe de política climática da União Europeia, também lamentou a decisão..
Em resposta à saída dos EUA, o bilionário Michael Bloomberg anunciou que sua fundação e outros apoiadores financiarão a Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).. Os EUA, que contribuíam com 22% do orçamento da UNFCCC, suspenderam seu apoio, mas Bloomberg já havia feito uma intervenção semelhante em 2017, oferecendo até US$15 milhões. A UNFCCC, responsável por organizar as COPs, prevê custos operacionais de US$96,5 milhões para 2024-2025, com a próxima cúpula, a COP30, agendada para Belém, em novembro.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, minimizou o impacto da saída dos EUA, destacando que a economia americana já adere à agenda climática e que as energias renováveis são mais baratas que os combustíveis fósseis. Durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Guterres reafirmou seu apoio ao Brasil e ao presidente Lula, destacando o empenho da ONU para garantir o sucesso da COP30.
COP do Agro
Durante a posse de Donald Trump, o advogado Vinícius Borba, de Canaã dos Carajás (PA),, pediu à deputada Silvia Waïapi (PL-AP) que convidasse Trump para o evento organizado previsto para outubro, em Marabá (PA). Com apoio de parlamentares, a COP do Agro busca discutir o papel da Amazônia na crise climática, apesar de dados do Seeg indicarem que 74% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil estão ligadas ao agronegócio. Borba classificou a eleição de Trump como um "fio de esperança" em uma live recente.
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Governo do MT veta PL que transformaria Amazônia em Cerrado
O governador Mauro Mendes vetou integralmente o projeto de lei complementar que buscava recategorizar áreas do bioma amazônico como Cerrado em Mato Grosso, reduzindo a preservação obrigatória de 80% para 35%. Aprovado pela Assembleia Legislativa em janeiro, o projeto gerou críticas de diferentes setores. A proposta colocava mais de 5 milhões de hectares de floresta em risco, mas a pauta deve continuar em discussão.
Pernambuco em estado de emergência
Pernambuco decretou situação de emergência em 117 municípios devido à seca prolongada e à escassez de chuvas, agravando a crise hídrica no estado. Barragens como Goitá (4,6% de sua capacidade), Bita (19%), Utinga (9,7%) e Jucazinho (5,8%) estão em situação crítica, afetando o abastecimento em regiões como o Grande Recife e o Agreste. Segundo a Apac, grande parte do estado enfrenta seca moderada a grave, e a previsão para o primeiro trimestre indica chuvas abaixo da média, com período seco em várias regiões.
Crises Climáticas interrompem aulas de mais de 100 milhões estudantes
Em 2024, mais de 1,17 milhão de crianças e adolescentes no Brasil tiveram a vida escolar interrompida por eventos climáticos extremos, segundo o Unicef. Enchentes foram a principal causa, como as que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, deixando 740 mil alunos sem aula após 2.338 escolas estaduais serem afetadas. A seca na Amazônia também impactou 436 mil estudantes, com mais de 100 escolas indígenas e 1.600 em outras áreas ficando sem aulas por períodos prolongados.
Idec acusa GOL e Localiza de greenwashing
O Idec protocolou interpelações na Justiça de São Paulo contra a Localiza e a Gol, acusando-as de greenwashing devido à falta de transparência em seus programas de compensação de emissões de gases de efeito estufa. A Localiza cobra taxas extras, como R$1,99 por diária, para compensar emissões de CO2, enquanto a Gol oferece cálculo de emissões baseado no trecho do voo, com uma taxa adicional para compensação. O Idec questiona a eficácia e clareza dessas iniciativas.
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