Um alerta sobre doença arterial coronária em mulheres
Por Dra. Adriana Moreira
Cardiologista intervencionista do Hcor
A doença arterial coronária (DAC) é a principal causa de morte no mundo e acomete ambos os sexos. Entretanto, nas mulheres, particularidades relacionadas aos mecanismos fisiopatológicos e ao perfil clínico implicam na diferenciação do diagnóstico, manejo e evolução da doença.
Cerca de um terço dos óbitos em mulheres por ano são atribuídos às doenças cardiovasculares. Este cenário pode se acentuar diante do envelhecimento da população, pois reconhecidamente, a prevalência e a morte por esta causa aumentam após a menopausa.
O entendimento sobre as diferenças relacionadas ao sexo e ao gênero no âmbito da saúde cardiovascular é o primeiro passo para reverter a situação atual, permitindo o controle dos fatores de risco e a abordagem clínica ampla e direcionada.
A DAC é a principal causa de infarto em mulheres. Em uma grande proporção dos casos, estes eventos podem ser prevenidos por meio do controle dos fatores de risco, mudança do estilo de vida e intervenções médicas específicas.
Inicialmente, é necessário implementar uma abordagem precoce e eficaz para controle dos fatores de risco tradicionais, os quais exercem maior impacto clínico nas mulheres quando comparados ao sexo masculino. Destacam-se, além do diabetes mellitus, a hipertensão arterial sistêmica, a dislipidemia, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo.
Paralelamente, as mulheres vivem experiências únicas como a gravidez e a menopausa, que podem aumentar o seu risco cardiovascular.
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A presença de doenças inflamatórias e autoimunes, depressão, síndrome dos ovários policísticos, uso de contraceptivo hormonal, doença hipertensiva da gravidez, diabetes gestacional e terapia hormonal na menopausa podem contribuir para o aumento dos eventos cardiovasculares nesta população.
Adicionalmente, uma atenção especial deve ser voltada a maior ocorrência de burnout em mulheres, além da exposição às situações de vulnerabilidade social que necessitam de ações específicas complexas.
Um aspecto importante a ser ressaltado é a necessidade de se ampliar o conhecimento a respeito deste tema relevante. Para se ter uma ideia, estima-se que 60 milhões de mulheres nos EUA vivam com alguma forma de doença cardiovascular, entretanto, apenas cerca da metade (56%) reconhece esta como a principal causa de mortalidade entre elas.
Por essa razão, as mulheres comumente negligenciam os próprios sintomas, a ponto de recorrerem mais tardiamente aos serviços de saúde diante de um quadro de infarto do miocárdio, por exemplo. Não raro também é a demora no diagnóstico médico por desconhecimento de aspectos importantes. Como exemplo, podemos citar a presença de sintomas atípicos que muitas vezes não são valorizados e acabam sendo relacionados a quadros de ansiedade. Este atraso no diagnóstico, infelizmente, exerce impacto negativo na sobrevida.
Algumas situações específicas relacionam-se a mecanismos fisiopatológicos menos frequentes e se traduzem em apresentações clínicas de isquemia miocárdica ainda mais desafiadoras, como é o caso da erosão/rotura de placas ateroscleróticas não obstrutivas, dissecção espontânea da artéria coronária, vasoespasmo e embolia/trombose coronariana.
A isquemia miocárdica sem lesões coronárias obstrutivas é mais prevalente no sexo feminino e por não ser comumente diagnosticada, está relacionada a sintomas redicivantes, internações frequentes e procedimentos médicos repetidos, como é o caso da coronariografia.
Diante do cenário atual, é necessário implementar estratégias que visem controlar os fatores de risco, ampliar o diagnóstico e oferecer uma abordagem terapêutica ampla e individualizada.
Deve-se ter em perspectiva nas instituições médicas a criação de centros especializados na saúde cardiovascular das mulheres que propicie a abordagem multidisciplinar desta população, incluindo ações de conscientização e agindo de forma preventiva e terapêutica, levando também em consideração os aspectos psicossociais e socioeconômicos envolvidos.
Desta forma, poderemos alcançar a redução dos desfechos cardiovasculares e seu impacto na saúde global das mulheres.
Técnico de enfermagem na metrpolitano hospital
10 mLuis Fernando da Silva Cuiabá MT técnico de enfermagem com experiência em uti laboratórios de coleta de sangue clínicas médica e clínica cirúrgica pronto atendimento médico farmácia se souber de algum trabalho obrigado pela atenção e desculpe alguma coisa 065992262354
Gerente de Conteúdo na HSM
10 mPauta importantíssima! 👏👏👏