A Capcom trouxe de volta um dos capítulos mais icônicos da franquia Resident Evil, reimaginando-o com gráficos modernos, uma jogabilidade refinada, e um ambiente mais imersivo. No entanto, apesar de todos os aspectos positivos, o jogo não é perfeito, e alguns elementos deixaram a desejar, especialmente para aqueles que se lembram do jogo original com carinho.

Um dos aspectos mais marcantes de Resident Evil 2 Remake é, sem dúvida, a qualidade dos seus gráficos. A Capcom conseguiu criar um ambiente que é ao mesmo tempo incrivelmente detalhado e aterrorizante. Cada canto de Raccoon City está repleto de texturas realistas, iluminação atmosférica, e detalhes minuciosos que ajudam a dar vida (ou morte) à cidade infestada de zumbis.

O design dos personagens também merece destaque. Leon S. Kennedy e Claire Redfield foram trazidos à vida de maneira brilhante, com modelos de personagens que parecem incrivelmente realistas. As expressões faciais, em particular, são um grande avanço em relação ao jogo original, capturando a tensão e o terror que os personagens experimentam ao longo de suas provações.

Os inimigos, especialmente os zumbis, foram recriados com um nível de detalhe que torna cada encontro único e aterrorizante. As lesões que aparecem nos zumbis à medida que são atingidos criam uma sensação de impacto e vulnerabilidade, e a variedade de inimigos, incluindo os icônicos Lickers e o imponente Tyrant (Mr. X), contribuem para manter o jogador constantemente em alerta.

A jogabilidade de Resident Evil 2 Remake é uma mistura habilidosa de nostalgia e inovação. Enquanto os fãs do original irão reconhecer muitos dos elementos de jogo, a Capcom fez melhorias significativas para adaptar o jogo às expectativas modernas. A mudança da perspectiva fixa da câmera para uma visão em terceira pessoa por sobre o ombro é uma das mais notáveis, e funciona excepcionalmente bem, aumentando a imersão sem sacrificar a tensão.

O sistema de controle é responsivo e intuitivo, permitindo que os jogadores se movam e ajam de maneira fluida, mesmo em situações de alta pressão. A gestão de recursos continua a ser um aspecto crucial do jogo, com munição e itens de cura sendo escassos, o que incentiva os jogadores a pensar estrategicamente sobre como abordar cada situação.

Outro ponto positivo é o design dos quebra-cabeças, que mantém o espírito do jogo original, mas com melhorias que os tornam mais acessíveis sem serem simplificados demais. Os puzzles adicionam uma camada extra de complexidade ao jogo, exigindo que os jogadores explorem o ambiente cuidadosamente e pensem criticamente sobre os recursos à sua disposição.

Enquanto os gráficos e a jogabilidade de Resident Evil 2 Remake são muito bons, a história é onde alguns dos problemas começam a aparecer. O enredo de Resident Evil 2 sempre foi um dos pontos altos da série, e o remake segue a trama original com bastante fidelidade. Leon e Claire, cada um com sua própria história e motivações, atravessam Raccoon City, enfrentando horrores inimagináveis enquanto tentam escapar com vida.

No entanto, a estrutura narrativa de Resident Evil 2 Remake apresenta alguns problemas que impedem o jogo de alcançar seu verdadeiro potencial. Um dos maiores pontos de crítica é a repetição de conteúdo entre os cenários A e B. No jogo original, os cenários B ofereciam uma experiência distinta, com novos eventos, inimigos e um desenvolvimento alternativo da história. No remake, no entanto, o cenário B de Leon e Claire parece ter sido feito às pressas, sem a mesma profundidade e atenção aos detalhes que o jogo original possuía.

Essa falta de diferenciação entre os cenários A e B é uma das principais falhas do remake, especialmente para aqueles que esperavam uma experiência completa e variada ao jogar com ambos os personagens. Enquanto o cenário A oferece uma experiência sólida e envolvente, o cenário B falha em entregar algo novo ou significativo, reciclando grande parte dos encontros e eventos do cenário A. Isso resulta em uma sensação de repetição que pode ser frustrante, especialmente para os jogadores que se lembram do quanto os cenários A e B eram únicos no original.

Resident Evil 2 Remake é, sem dúvida, um jogo que merece ser jogado, tanto por fãs da série quanto por novos jogadores. A Capcom conseguiu capturar a essência do jogo original, ao mesmo tempo em que o atualizou para os padrões modernos de gráficos e jogabilidade. O ambiente detalhado e a atmosfera opressiva são um verdadeiro triunfo, e a jogabilidade fluida garante que o jogo seja tão divertido quanto aterrorizante.

No entanto, as falhas na narrativa, especialmente a execução apressada do cenário B, impedem que o jogo alcance a excelência que poderia ter atingido. A repetição de conteúdo e a falta de inovação no segundo cenário são problemas que não podem ser ignorados, especialmente considerando o quão importante o cenário B foi para a experiência do jogo original.

Apesar dessas falhas, Resident Evil 2 Remake continua a ser uma adição valiosa à franquia, e um jogo que oferece uma experiência de terror envolvente e memorável. Com uma nota de 7,5 de 10, é um jogo que, embora não perfeito, ainda proporciona horas de entretenimento e uma viagem nostálgica para aqueles que amaram o original.

Tão bonito, tão detalhado, tão bem feito, tão... desnecessário! Todas as pessoas que jogaram Resident Evil 2 lá no Playstation ou Nintendo 64 em 1998, por muito tempo, sonhavam com um remaster a lá Resident Evil do GameCube. Esse sonho terminou quando a Capcom anunciou um remake de Resident Evil 2, mas precisávamos de um remake aqui? Afinal de contas, Resident Evil 2 fez parte de uma trilogia que definiu um gênero: o "survival horror". Survival Horror esse que, aqui, é praticamente deixado de lado. Com um uso excessivo de checkpoints, logo você percebe que não precisa se desesperar ao se encontrar com o primeiro zumbi, com o primeiro Licker, com o Mr.X... até mesmo porque, se algo der errado, é só pausar o jogo e selecionar "Carregar último ponto salvo" e ir de novo, assim como fazíamos em Resident Evil 4, que foi o divisor de águas da franquia. Isso tudo melhora um pouco no nível mais difícil, onde não existem checkpoints e pouco espaço no inventário, te obrigando a pensar em como fazer o gerenciamento de inventário. Mas, pra chegar aqui, você provavelmente já treinou bastante no modo Normal. O jogo é quase sempre fácil.
Então quais são os pontos positivos desse remake? Gráficos! Que fã de personagem 32 bits não sonha em ver ele todo realista? E beleza gráfica, aqui, tem de sobra com todo o poder da "RE Engine". Mas Resident Evil 2 Remake não é um jogo ruim, muito pelo contrário, ele é uma aula do que é um remake. É só comparar ao remake do Resident Evil 3 Remake e você vai perceber que não é o gráfico que deixa divertido. A fidelidade à história, cenários e personagens mostra como não decepcionar os fãs que querem ser agraciados pela beleza gráfica. Tudo o que foi mostrado no jogo original, tem aqui também, mas, por isso, Resident Evil 2 Remake é tão bonito quanto desnecessário. Focado em um público que não gosta de survival horror mas que quer conhecer a história do jogo, Resident Evil 2 Remake acaba se tornando apenas uma versão alternativa. Recomendo ambos, pois ambos jamais pecam em sua jogabilidade.

Valeu cada centavo!!!