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Como CFOs devem se preparar para o futuro digital
Especialistas discutem papel dos diretores financeiros diante da transformação digital do setor. O conselho geral dos especialistas no webinar foi para que CFOs busquem entender o quanto antes como usar IA de uma maneira proveitosa em suas companhias.
Diretores financeiros de grandes empresas brasileiras se reuniram no CFO Summit, em julho, para discutir tendências emergentes no mundo das finanças e compartilhar estratégias de negócios.
Com mediação de Tamara Dzule, CFO da Mastercard, o evento promovido pela Vindi em parceria com a Transformação Digital teve a participação de Roberto Cabrera, CFO da Acer, Bárbara John, sócia-líder de finance e backoffice transformation da KPMG, e Rosana Passos, conselheira de administração no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP).
O primeiro tema abordado no webinar foi a evolução do papel do CFO nos últimos anos. Antes considerado essencialmente um "guardião das informações", esse profissional passa a ocupar, com cada vez mais frequência, posições estratégicas dentro das empresas.
"Atualmente, percebemos que, no mercado, o CFO é o braço direito do CEO. Ele está ali junto na estratégia, entendendo quais são as tecnologias necessárias e o que é preciso levar para o mercado para alavancar a companhia", diz Cabrera.
A importância do envolvimento do CFO na área de negócios também foi ressaltada por John. "O CFO do futuro se transforma daquele perfil mais transacional, que busca só fazer a operação de finanças básica, para um perfil de negócios. Ele tem que ser uma pessoa de negócio, e não só do back office, e deve ajudar no planejamento, decisão e trazendo insights e informações relevantes", afirma a especialista da KPMG.
Responsabilidades típicas do CFO, como elaboração de relatórios financeiros, gestão de cursos e minimização de custos, têm se somado a novas funções e necessidades, como a formulação e execução da estratégia de negócios da empresa, a incorporação de tecnologia e o compromisso com sustentabilidade e ESG.
Lidando com novas tecnologias e a transformação digital
Os especialistas destacaram que o diretor financeiro deve estar especialmente atento às tecnologias inovadoras, uma vez que essas ferramentas podem ser usadas para alavancar o negócio e melhorar processos internos.
"O CFO no futuro terá a habilidade de aprender muito rapidamente. Porque as mudanças tecnológicas vêm de uma forma tão rápida, tão aguda, que nem sempre o que se provou sucesso no passado vai garantir sucesso no futuro. Então, é necessário aprender e desaprender, utilizar e parar de utilizar ferramentas e estar antenado às informações e às mudanças", explica Cabrera.
Embora seja importante incorporar novas soluções tecnológicas em tempo célere, é preciso avaliar quais delas realmente condizem com o modelo de negócios em questão. "Tem muitas tecnologias disponíveis, mas a gente não é obrigado a sair adotando todas elas. É importante entender o que você quer e onde você quer chegar. Costumo falar para os meus clientes pensarem [antes de adotar novas tecnologias] qual é o modelo de negócios e de operação deles e como eles trabalham planejamento e insights", aconselha John.
Outro aspecto relevante a se considerar é se a ferramenta digital poderá melhorar o cotidiano da organização. "A tecnologia tem que ser usada a nosso favor para que a gente aprimore os processos, a qualidade de vida das pessoas e a qualidade de informações e dados. Isso para que a companhia cresça, possa se desenvolver e seja altamente sustentável a longo prazo", diz Passos.
IA nas finanças
A inteligência artificial (IA) está transformando o setor financeiro ao possibilitar o aumento de eficiência, precisão e segurança por meio de várias aplicações. Ela é empregada, por exemplo, para análise de dados e previsões de mercado, automação de processos repetitivos, detecção de fraudes em tempo real e atendimento ao cliente por meio de chatbots e assistentes virtuais.
Nesse sentido, Passos explica que a IA pode otimizar processos como a elaboração de peças orçamentárias e avaliações de crédito. "Para fazer uma avaliação de crédito confiável, efetiva e assertiva, você precisa de informação, basicamente. Informação de passado, informação de presente, informação dos mercados futuros super estruturados. Com IA, você consegue já montar uma base de um scorecard para ter o rating das companhias muito mais rapidamente", diz.
O conselho geral dos especialistas no webinar foi para que CFOs busquem entender o quanto antes como usar IA de uma maneira proveitosa em suas companhias. Reflexão e planejamento são necessários para promover uma cultura de inovação, em que IA esteja integrada aos processos financeiros e de negócios das empresas.
"O CFO do futuro precisará observar as tecnologias e analisar como elas vão mudar a realidade do seu negócio. É super importante estar antenado às tecnologias e entender o que é necessário para poder alavancar o business", ressalta Cabrero.