Pódio das tendências do mundo do trabalho
Não há como garantir uma medalha no surf sem ondas. Também não há como encarar as ondas de mudanças no trabalho sem desenvolvimento de habilidades, treinamentos, equilíbrio da vida pessoal e profissional, flexibilidade. A lista é (cada vez mais) longa, mas a cada newsletter The Daily Swile, a gente percebe que até mesmo um bronze nesse esporte da resiliência = ouro.
E o que divide o pódio dentre as tendências que a gente separou para essa edição fala sobre novos horizontes. Tem os números mais recentes de brasileiros pedindo demissão caminhando para o recorde de 2023, o “The Great Detachment”, o intraempreendedorismo na mira dos gerentes, a IA como aliada da semana de 4 dias, a força das equipes multigeracionais, qualidades dos grandes líderes virando barreiras na promoção de talentos e muito mais. Bateu a curiosidade? Então, boa leitura!
🔵 A Grande Desconexão
Vamos à matemática dos dados: quase 4 milhões de brasileiros pediram demissão entre novembro de 2023 e abril de 2024. Só para se ter uma ideia, foram 7,3 milhões de pedidos de demissão, um número recorde no ano passado e que já estamos num ritmo bem parecido para fechar até o momento. A pesquisa, divulgada nesta semana pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), traz alguns pontos de motivação bastante conhecidos: baixo salário, falta de reconhecimento, problemas com a liderança direta, zero flexibilidade, entre outros.
Questões como problemas éticos com a forma de trabalho da empresa também foram levantadas por 24,5% das pessoas, o que mostra que há muito para se levar em consideração na hora de avaliar os riscos em turnover. Lembra quando citamos em algumas edições sobre Quiet Quitting, Loud Quitting e outras tendências? Os movimentos de mudança refletem até mesmo no senso de conexão com o trabalho que muitos vêm chamando de “The Great Detachment”. Por isso, é importante estar com os alertas ligados.
O que os especialistas estão chamando a atenção é que essa desconexão pode custar caro, precisamente, mais de $8 trilhões no mundo. Além disso, é a Geração Z, que já representa 25% da força de trabalho, que está liderando essa onda, com jovens acompanhando um mercado muito competitivo e complexo e “destinados” a se arrastarem em trabalhos que não se sentem conectados. Ou seja, é preciso construir confiança e trabalhar bem o reconhecimento e a cultura organizacional para desafiar esses números. E para muitos, o segredo está na inovação. É onde entra o tópico a seguir…
🟣 Empreender ou intraempreender? Eis a questão…
Enquanto algumas empresas podem encontrar empecilhos em colaboradores que têm projetos pessoais, outras identificaram no “intraempreendedorismo” uma forma de reter talentos. O termo não é novo, mas tem ganhado relevância principalmente entre startups com uma ideia simples: você permanece no seu cargo e desenvolve, através de programas de apoio e incubadoras personalizadas, o seu projeto. Sim, os gerentes estão pensando bem fora da caixinha para estimular a criatividade, o comprometimento, a sinergia e a motivação das pessoas.
Isso é ótimo, certo? Imagine incentivar a inovação para o negócio com soluções diferentes de produtos e serviços, e ainda garantir o engajamento das pessoas? Em tempos de demissões voluntárias e lay-offs, parece difícil, mas é possível. E, se acima falamos um pouco sobre esse cenário das pessoas dando adeus às empresas por vontade própria, vale resgatar um dado recente e revelador da Resume Builder: 80% dos líderes de grandes companhias norte-americanas usaram demissões em massa para dispensar funcionários em vez de demiti-los por justa causa. O motivo? Segundo os pesquisadores, não é só “corte de custos”, mas a dificuldade de encarar "conversas difíceis" e feedbacks de performance. Inclusive, para quase 40% dos líderes entrevistados, "não ferir os sentimentos dos colaboradores" soa como uma boa justificativa para os lay-offs.
De um lado, colaboradores pedindo demissão por melhores condições, salário, reconhecimento, horários e trabalhos flexíveis, conexão com as empresas. Do outro, demissões rolando a solto para evitar investir em desenvolvimento, gerando ainda mais insatisfação. Claro que há muito mais camadas nessa trilha, mas que os números deixam pontas para refletir e buscar alternativas, ah, isso sim. Por isso, ferramentas como o pensamento intraempreendedor podem - e devem - abrir caminhos. Experimentemos.
🟠 IA & Semana de 4 dias
Quem esteve de olho nos últimos burburinhos tecnológicos se deparou com cenas como: IA capaz de recomendar medicamentos antidepressivos a partir do histórico médico e demográfico e tecnologia que permite detectar sinais de burnout pela voz. Pois é, os avanços já mostram que estamos falando mais do que gerar conteúdos simples com a inteligência artificial e que podem ser aliados chave para o enfrentamento de algo que afeta a cultura organizacional como um todo: a saúde mental.
2023 tem um recorde nada animador: foram 421 brasileiros afastados do trabalho pela síndrome de burnout — o maior número dos últimos dez anos no país (Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. O que nos leva a questionar o engajamento das empresas com o bem-estar e o combate ao cansaço extremo. Não basta só identificar, é preciso prevenir e transformar, profundamente, a cultura do negócio reduzindo o microgerenciamento, as rotinas excessivas, a falta de eficiência e reconhecendo o limite naquela pergunta necessária: é comprometimento ou excesso de trabalho?
Foi com essa ideia também que algumas empresas toparam o desafio de testar a famosa semana de 4 dias e os resultados dos meses de experimento já foram divulgados. Para 87,4% dos participantes, o sentimento de ter mais energia para realizar as suas tarefas foi marcante e ajudou também a reduzir 72,8% da taxa de exaustão frequente por causa do trabalho. E repara só: quem apareceu para aumentar a produtividade, a eficiência e ainda garantir a sexta-feira livre de todo mundo? Ela mesma, a IA. Vale conferir a matéria completa aqui.
E indo ainda mais além, aproveitando a deixa, você sabe como a IA pode influenciar no fortalecimento da Marca Empregadora? Quem conta tudo é Angélica Madalosso no seu artigo para o The Daily Swile. Com tantos talentos, a gente até se questiona se é Inteligência Artificial ou Rodrigo Hilbert disfarçado de tecnologia…
🟡 Quem tem medo da diversidade geracional?
Duas realidades distantes estão dividindo o mesmo espaço nos últimos anos. A primeira: a faixa de pessoas de 55 anos ou mais é a que cresceu até cinco vezes mais rápido do que outras gerações, podendo representar, até 2031, um quarto da força de trabalho global e, até 2031 (Bain & Co.). A segunda é que os mais jovens estão começando a ocupar cadeiras sêniores e gerência. Essa diferença geracional traz desafios a mais, porém os números estão apontando para os benefícios na gestão dessa diversidade etária em retenção, satisfação, produtividade e aprendizagem.
Um estudo lá do Reino Unido, realizado pelo International Longevity Centre em 2020, mostrou que equipes com um intervalo de idade entre seus membros de 25 anos ou mais conseguiram atender e até exceder as expectativas da liderança em 73% das vezes. Quando essa diferença caiu para menos de 10 anos em outros times, o número foi de apenas 35%. O segredo está na combinação das habilidades de cada geração. É o que conta também a BMW em seus experimentos com times mais diversos, onde equipes mistas apostaram na integração da experiência e da visão holística com a coragem e a habilidade de correr riscos e inovação dos mais jovens.
A lista abaixo pode ser uma caixa de ferramentas poderosa para alguns insights no tema. Pode salvar por aí:
🟢 A pergunta que não quer calar
Dê uma risadinha se você já se perguntou alguma vez na sua experiência profissional o seguinte: “por que tantos maus executivos acabam promovidos para lideranças e muitos talentosos ficam para trás?”. Você não está a sós. Para o psicólogo e empreendedor argentino Tomas Chamorro-Premuzic, professor na Columbia University e no University College London, virou até tema de livro, onde descobriu que algumas qualidades de grandes líderes, apesar de importantes para a posição, podem virar obstáculos.
Ele cita exemplos mostrando como a empatia, autopercepção, integridade e humildade, ainda que fundamentais para construir valor numa cadeira de liderança, são percebidas de maneira equivocada nesse processo de decisão. O resultado desse ruído, você já deve imaginar. Como, por exemplo, sabe profissionais com grande autopercepção? Quando não percebidos da maneira correta, eles correm o risco de serem vistos por enfatizar demais suas fraquezas. Ou no caso daqueles com alto valor de empatia, que podem ter a posição negada por acreditarem que não conseguiriam tomar decisões difíceis, demitir pessoas ou algo nesse sentido.
A discussão é boa e vale a leitura das dicas para evitar cair nessa armadilha!
🟠 Talento? Muito. Cabeça no lugar? Sempre.
Ser a maior medalhista olímpica da história do Brasil tem um preço, mas esse nunca será apenas pelo resultado, pela performance. As medalhas conquistadas por Rebeca Andrade em Paris 2024 não colocam só o esporte de alto rendimento no lugar mais alto do pódio, como também mostra que o autoconhecimento, a segurança e o ato de priorizar a saúde mental são aprendizados tão diários como saltos cravados, piruetas e giros. Para os atletas e para o mundo do trabalho. Por que não?
“Não vale tudo pelo resultado se a pessoa não estiver feliz”, é o que disse Aline Arias Wolff, psicóloga da atleta e ex-coordenadora de preparação mental do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), nessa entrevista. Uma verdadeira lição sobre liderança, segurança, autoconhecimento, empatia, limites e realização. Quase, de verdade, uma sessão de terapia. <3
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📸 O fotógrafo João Farkas, em seus 50 anos de profissão, une beleza e a realidade dura do Brasil em retratos que buscam alertar, mas, principalmente, mobilizar pessoas. Em seu último livro, “Enquanto há Tempo”, o seu olhar pelas belezas e os riscos do nosso país estão lado a lado para, mais uma vez, revelar a nossa história. Confira a entrevista! →
🎨 Uma recente animação com pintura de Van Gogh viralizou levantando questões: "é IA?" Quem respondeu aqui foi o artista tcheco Andrey Zakirzyanov revelando ter feito tudo à mão, usando software 3D. Vale o replay! →
🌎 Os destaques de Paris 2024 não ficaram só no quadro de medalhas. A questão da sustentabilidade e da pegada de carbono também chamaram atenção pelas promessas do comitê olímpico. Este episódio do podcast “Tortinha de Climão” colocou tudo isso em perspectiva e é uma boa aula para o fim de semana. Partiu? →
por Lucas Ericlyn
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Até a próxima edição! 📰
Qualidade e Treinamento / Assistente de Customer Success / Estrategista de atendimento
1moConteúdo super necessário! Isso me faz pensar sobre sustentabilidade corporativa, podem escrever um artigo sobre isso?