Comunicar não é o que a gente pensa...
Depois de 60 anos comandando pessoas e ter lecionado Comunicação na pós-graduação da ESPM, uma coisa ficou clara para mim: comunicar é muito mais do que falar ou enviar uma mensagem. É fácil achar que fomos claros, que nossa mensagem foi compreendida, mas a realidade é outra. Comunicação não é o que vai; é o que volta. O verdadeiro impacto de uma mensagem está na resposta que ela gera. Quantas vezes você já deu uma instrução ou passou uma informação e percebeu que o entendimento foi totalmente diferente do que você esperava? Isso acontece porque a comunicação não se encerra no que falamos, mas no que o outro interpreta e devolve. Escutar ativamente é o primeiro passo para garantir que sua mensagem foi, de fato, compreendida. Não basta ouvir por ouvir; é preciso interpretar, entender o contexto, as nuances, e, principalmente, ajustar sua própria mensagem com base no feedback recebido. Escutar é a base da comunicação eficaz, mas é também a parte mais negligenciada. Feedback é um ouro que muitos não sabem valorizar. Ele é o termômetro que indica se a sua comunicação está funcionando ou não. Pergunte, escute, observe a linguagem corporal, o tom de voz. Isso é o que define se o que você enviou foi recebido como você imaginava. A comunicação é um processo dinâmico e adaptável, e o retorno que você recebe é o que molda suas próximas ações. Sem esse retorno, é como atirar no escuro. A arte de perguntar também é fundamental. As melhores perguntas são aquelas que geram respostas honestas e insights profundos. Perguntas fechadas limitam a conversa; perguntas abertas expandem horizontes. Saber perguntar é, muitas vezes, mais poderoso do que saber falar. E não se esqueça: comunicação é adaptabilidade. Ninguém responde da mesma forma. Entender o perfil do seu interlocutor e ajustar sua abordagem faz toda a diferença. O estilo, o tom, o timing – tudo conta. É um jogo de ajustes finos, onde o sucesso está em perceber o que o outro está lhe devolvendo. Comandar pessoas por décadas me ensinou que a influência verdadeira não vem do que eu digo, mas do que eu escuto. Cada reação, cada feedback, é uma oportunidade de ajustar o curso, melhorar processos e fortalecer relações. No fim das contas, o que realmente importa é o que volta. Conclusão: comunicar é um diálogo, não um monólogo. Não é só o que você envia, mas o que você recebe e faz com isso. Essa é a essência da comunicação que gera resultados, resolve conflitos e constrói conexões genuínas. Não é o que vai; é o que volta que transforma.