O poder da inteligência artificial na edição de genes

A inteligência artificial (IA) está se tornando grande aliada na manipulação genética. A

tecnologia CRISPR/Cas (clustered regularly interspaced short palindromic repeats, ou

repetições palindrômicas curtas agrupadas e regularmente espaçadas) causou uma

revolução na biologia, impulsionando a pesquisa e o desenvolvimento de novas

aplicações. Essa técnica inovadora possibilita editar os genes com muita precisão e

intervir diretamente na sequência do ácido desoxirribonucleico (DNA).

Um exemplo recente é o desenvolvimento de uma ferramenta para editar moléculas de

ácido ribonucleico (RNA), que são sequências genéticas mais curtas e de menor

duração, mas que desempenham papel importante como intermediárias entre o DNA e

as atividades celulares. No entanto, a edição de RNA enfrenta desafios devido às

frequentes mutações que ocorrem nessas moléculas, o que afeta sua eficiência e resulta

em edições indesejadas.

Para superar essas dificuldades, pesquisadores da Universidade de Nova York e do

Centro Genômico de Nova York criaram um algoritmo de IA chamado TIGER

(targeted inhibition of gene expression via gRNA design, ou inibição direcionada da

expressão gênica por meio do desenho de RNA-guia). Esse modelo foi treinado com

uma grande quantidade de dados de ensaios de edição de RNA humano, o que permitiu

prever com precisão quais moléculas de RNA seriam os alvos ideais para a ação do

sistema CRISPR.

A combinação de técnicas de machine learning e métodos de edição genética representa

uma sinergia promissora para a área. O rápido avanço das técnicas de sequenciamento

de DNA e RNA entrega uma grande quantidade de dados, impulsionando ainda mais o

desenvolvimento e a aplicação de algoritmos nesse contexto. Esse trabalho poderá

resultar no desenvolvimento de novos sistemas CRISPR, com aplicações potenciais no

combate a infecções virais e no tratamento de doenças associadas a alterações genéticas

específicas.

O casamento entre IA e edição de genes promete revelar novos horizontes na medicina e

na biologia molecular e transformar a maneira como lidamos com as doenças, abrindo

caminho para tratamentos inovadores mais precisos e eficazes.