Continuando a falar dos marcos temporais, a Escola Parque indiscutivelmente é um dos mais importantes da minha vida profissional, não só pelo tempo que estou nela, mas por tudo que experimentei ao longo desse tempo.
Minha relação com a Escola Parque começou na entrada da minha filha mais velha na instituição, na década de 80. Ali começou o meu enamoramento pela instituição, pela sua metodologia, visão de mundo, relação com a vida, reflexões e projetos. Lugar de criação e invenção.
Na década de 90 fui admitido como profissional no Ensino Médio, consolidando um desejo pessoal no campo profissional. Eram percepções, intuições, escutas de outros profissionais de que, neste novo espaço, algo de novo poderia acontecer.
Me permiti, sem pedido e orientação externa, implantar processos novos como o “Para Tudo”. Em momentos realmente importante, parava as aulas e, discutíamos, com os alunos, fatos como a morte do Índio Galdino por jovens de classe média em Brasília; o sequestro do ônibus 174; as tragédias de Realengo; Brumadinho… Para mim, não faz sentido dar aula de física ou de qualquer outra matéria diante de questões desta natureza.
“Deslinearizamos” o tempo para trabalhar a educação moral e ética dos nossos alunos.
Assim, criamos o Vestibular Comunitário da Escola Parque (que deu origem ao atual PECEP), sugerido e criado pelos alunos do 3° ano em 2002, após uma dessas conversas que se desdobrou em um ato pela paz em frente ao Palácio da Guanabara, unindo 300 jovens de escolas privadas e públicas, após o sequestro do ônibus 174, no Jardim Botânico.
A Escola Parque pensa! Frase de um dos folders de divulgação que carrego comigo após todos esses anos. Pensar como um lugar de afastamento do real, distanciamento crítico, recusa ao fatalismo “é porque é” e um lugar de construção do futuro que não está pronto e determinado, mera continuidade de um presente.
Entendi e vivo Escola Parque durante estes 28 anos como um lugar de ”Vir a Ser”, de exposição ao futuro grávido de possibilidades, permanente devir. Tempo vivido como uma Obra Aberta, por fazer, inacabada, provisória, Humana. Neste final de ciclo, quando estou me despedindo desse espaço formalmente falando, manterei vivo e levo comigo esse estado de espírito.
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