Antes de uma conquista pessoal ou da nossa empresa, essa vitória é do Brasil. Depois de 12 anos, a Sequoia Capital – o principal fundo de venture capital do mundo, que investiu bem cedo em Google, Apple, Airbnb, WhatsApp, entre outras empresas – voltou a apostar no nosso país. O último investimento deles aqui foi em 2013, no Nubank, quando o banco ainda era um powerpoint.
Aos nossos clientes, obrigado por imaginarem conosco uma realidade diferente pro contencioso. Ao nosso time, as infinitas noites viradas valeram a pena. VOCÊS trouxeram a Sequoia Capital de volta pro Brasil.
Eu vou contar aqui a história dos bastidores de como essa rodada de investimento aconteceu. Tudo começou num jantar em Palo Alto, há um ano. Na época eu tocava a Enter (antiga Talisman) do meu dormitório no Schwab, prédio onde moram os alunos do MBA de Stanford. Acordava às 4h55 da manhã todo dia para participar da daily da empresa com nosso time de seis pessoas, às 5h (10h do horário brasileiro).
Era dezembro de 2023 e nossa receita tinha crescido 10x em cinco meses (de R$8 mil para R$80 mil por mês). Essa tração inicial me convenceu a apostar minha vida nesse negócio, e decidi então abandonar o MBA.
Marquei então uma conversa com o John Hennessy, ex-presidente de Stanford e hoje chairman global do Google. Ele me deu uma bolsa integral para o MBA e devo muito a ele. Não sabia como ele reagiria. Expliquei toda a situação. Ele respondeu: “I didn't expect anything different from you. Go build something big.”
Já de malas prontas para voltar ao Brasil – três malas bem pesadas e com Macbooks para o time de engenharia –, recebo um cold e-mail do Konstantine Buhler, general partner da Sequoia Capital. Nós nunca tínhamos nos falado antes.
Ele estava me convidando para um jantar com alguns alunos de Stanford que estavam empreendendo. Cheguei uns 30 minutos antes do horário para conseguir um lugar na mesa do lado dele. Deu errado: o jantar tinha lugar marcado e meu nome ficou lá no canto da mesa. No meio do jantar, eu aproveito a ida de um colega ao banheiro e me sento do lado dele. Faço o pitch. Falamos por uns vinte minutos. Comecei pela manchete: a Enter vai ser a maior empresa de AI da América Latina. Ele gravou.
O Konstantine sempre respondia meus emails em menos de 30 minutos – sempre. No natal de 2023, nenhum investidor me mandou mensagem (e eu nem esperava), exceto ele: “wishing you a very Merry Christmas and I hope you're having a lot of success with Talisman”. Como é possível que o sócio do melhor fundo, com o melhor track record, é justamente o que se dá o trabalho de me mandar um cold email para um jantar, de mandar mensagem de natal, de cuidar desses detalhes? Talvez exatamente por isso eles sejam os melhores.
Já de volta ao Brasil… [Continua no blog da Enter – link nos comentários].