Comunicado de imprensa

Novo relatório da UNESCO: Índice de aquecimento do oceano dobrou em 20 anos, taxa de elevação do nível do mar dobrou em 30 anos

Com contribuições de mais de 100 cientistas de quase 30 países, o relatório da UNESCO “State of the Ocean 2024”, publicado com o apoio da Islândia, revela novos dados alarmantes sobre as ameaças enfrentadas pelo oceano. Essa análise abrangente traz uma revisão baseada em evidências dos desafios, incluindo o aquecimento dos oceanos, elevação do nível do mar, a poluição, a acidificação, a desoxigenação, o carbono azul e a perda de biodiversidade.
 PR 2024 State of the Ocean Report

Este relatório da UNESCO mostra que a disrupção climática está tendo um impacto cada vez mais forte no estado do oceano. Temperatura, acidificação, nível do mar: todos os alarmes dispararam. Além de implementar o Acordo de Paris sobre o Clima, pedimos aos nossos Estados-membros que invistam na restauração de florestas marinhas e regulamentem melhor as áreas marinhas protegidas, que são importantes reservatórios de biodiversidade.

UNESCO Director-General
Audrey AzoulayDiretora-geral da UNESCO

 

A taxa de aquecimento dos oceanos dobrou em 20 anos

Enquanto as temperaturas atmosféricas tendem a flutuar, a temperatura do oceano está constantemente aquecendo de forma estável. O relatório indica que o oceano está agora aquecendo a uma taxa duas vezes maior do que há 20 anos, e 2023 registrou um dos maiores aumentos desde a década de 1950. Enquanto o Acordo de Paris trouxe o compromisso de manter o aquecimento global abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais, as temperaturas oceânicas já aumentaram em média 1,45°C, com claros pontos críticos acima de 2°C no Mediterrâneo, no Oceano Atlântico Tropical e Oceanos do Sul.

Uma consequência dramática desse aquecimento é o aumento nos níveis do mar em todo o planeta. O oceano absorve 90% do calor excedente liberado na atmosfera, e à medida que a água aquece, ela se expande. O aquecimento das temperaturas oceânicas agora responde por 40% do aumento global nos níveis do mar, e a taxa de elevação dobrou nos últimos 30 anos, totalizando 9 cm.

 

Espécies costeiras estão sendo sufocadas devido à queda dos níveis de oxigênio

Desde a década de 1960, o oceano perdeu 2% de seu oxigênio devido ao aquecimento das temperaturas e aos poluentes, incluindo águas residuais e escoamento superficial (run-off) agrícola. As áreas costeiras são especialmente afetadas, e há espécies que se encontram na linha de frente de uma batalha para respirar: há cerca de 500 “zonas mortas” identificadas onde quase nenhuma vida marinha permanece devido à diminuição do teor de oxigênio.

A acidificação crescente também é uma grande preocupação: 25-30% das emissões de combustíveis fósseis são absorvidas pelo oceano, esse excesso de CO2 está remodelando a própria composição química do oceano. Desde os tempos pré-industriais, a acidificação oceânica aumentou 30%, e alcançará 170% até 2100. As descobertas da UNESCO revelam que, mais uma vez, as espécies costeiras são as mais afetadas: enquanto os altos-mares estão gradualmente se tornando mais ácidos, as águas costeiras experimentam flutuações dramáticas de alta para baixa acidificação, em que gerações jovens de animais e plantas são muito frágeis para sobreviver, causando mortes em massa.

 

Carbono Azul e AMPs: faróis de esperança

Florestas marinhas, incluindo manguezais, pradarias de ervas marinhas e pântanos salgados, são capazes de absorver até cinco vezes mais carbono do que as florestas em terra. Além de serem portos vitais para a biodiversidade, representam uma das melhores barreiras contra o aquecimento global. No entanto, a UNESCO revela que quase 60% dos países ainda não incluem a restauração e conservação de florestas marinhas em seus planos de Contribuições Nacionalmente Determinadas.

As Áreas Marinhas Protegidas (AMPs)[1] são conhecidas por proteger a biodiversidade, abrigando 72% das 1.500 espécies marinhas ameaçadas da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Os novos dados da UNESCO evidenciam que quanto maior o nível de regulamentação em uma AMP, mais ela é eficaz na proteção dos ecossistemas locais.

A UNESCO lidera a Década das Nações Unidas das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável, de 2021 a 2030. Desde o início da Década, mais de 500 projetos foram lançados em todas as regiões do mundo e mais de 1 bilhão de dólares foram mobilizados para melhorar o conhecimento e a proteção do oceano.

A Organização apoia dezenas de programas de cooperação científica em todas as regiões do mundo, combinando compartilhamento de dados, mapeamento de alta definição do leito marinho, prevenção de desastres naturais e busca por soluções inovadoras para proteger os ecossistemas. Por meio de suas mais de 230 reservas marinhas da biosfera e mais de 50 sítios marinhos inscritos na Lista do Patrimônio Mundial, a UNESCO também é guardiã de sítios oceânicos únicos que abrigam uma biodiversidade essencial.

 


[1] Uma área marinha protegida é uma região definida, designada e gerenciada para a conservação de longo prazo dos recursos marinhos, serviços ecossistêmicos ou patrimônio cultural.

Sobre a UNESCO

Com 194 Estados-membros, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura contribui para a paz e a segurança, liderando a cooperação multilateral nas áreas de educação, ciências, cultura, comunicação e informação. Com sede em Paris, a UNESCO tem escritórios em 54 países, emprega mais de 2,3 mil funcionários. A UNESCO coordena uma rede de mais de 2 mil sítios do Patrimônio Mundial cultural e natural, Reservas da Biosfera e redes de Geoparques Globais, de Cidades Criativas, de Cidades de Aprendizagem, de Cidades Inclusivas e Sustentáveis, além de 13 mil escolas associadas, cátedras universitárias e instituições de ensino e pesquisa. A Organização tem Audrey Azoulay como diretora-geral.

“Como as guerras começam nas mentes dos homens, é nas mentes dos homens que as defesas da paz devem ser construídas” – Constituição da UNESCO, 1945.

Para obter mais informações, acesse: www.unesco.org

Contato de imprensa

François Wibaux
François
Wibaux
Press officer

Phone: +33 1 45 68 22 93
 

New UNESCO report Rate of ocean warming doubled in 20 years rate of sea level rise doubled in 30 years